Como eu não tive saco de ler os dois cadernos especiais inteiros da Folha sobre seus 90 anos, não tinha visto isso, mas alguns leitores me avisaram e merecia o registro positivo (sério!) para o jornal que, finalmente, admitiu que apoiou a ditadura militar, inclusive com recursos materiais, por vários anos. Claro que não foi assim uma mea culpa gigante e detalhado e a admissão chega quase meio século atrasada, mas já é alguma coisa. Leia o que foi publicado após a imagem abaixo.
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A Folha apoiou o golpe militar de 1964, como praticamente toda a grande imprensa brasileira. Não participou da conspiração contra o presidente João Goulart, como fez o “Estado”, mas apoiou editorialmente a ditadura, limitando-se a veicular críticas raras e pontuais.
(…) O jornal submeteu-se à censura, acatando as proibições, ao contrário do que fizeram o “Estado”, a revista “Veja” e o carioca “Jornal do Brasil”, que não aceitaram a imposição e enfrentaram a censura prévia, denunciando com artifícios editoriais a ação dos censores.
(…) A partir de 1969, a “Folha da Tarde” alinhou-se ao esquema de repressão à luta armada, publicando manchetes que exaltavam as operações militares.
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Confira a íntegra do que o jornal publicou no caderno especial no item 4, “O papel na ditadura”.
E aqui o texto comentado por gente que trabalhou lá na época.
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Diz o lide do texto da manchete acima (aqui essa primeira página ampliada): A disposição de São Paulo e dos brasileiros de todos os recantos da pátria para defender a Constituição e os princípios democráticos, dentro do mesmo espírito que ditou a revolução de 1932, originou ontem o maior movimento cívico já observado em nosso Estado: a “Marcha da Família com Deus, pela Liberdade”.
Obs: Otávio Frias de Oliveira, pai de Otavinho e Luis Frias, hoje os donos do Grupo Folha, foi combatente voluntário na chamada revolução de 1932, que tentou derrubar o governo de Getúlio Vargas. Talvez daí a menção ao movimento no texto acima (Otávio Pai era então o diretor do jornal).
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Desculpem a leve cagação de regra, mas por essas e por outras, os jornais têm que ser usado com muito cuidado e de forma absolutamente crítica na hora de contar a história de um país…